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Qual é a justificativa para despendermos todo aquele esforço e dinheiro na obtenção de alguns poucos pedacinhos de rocha lunar? Não há causas melhores aqui na Terra?

Em certo sentido, a situação era semelhante à da Europa antes de 1492. As pessoas podem muito bem ter argumentado que era um desperdício de dinheiro mandar Colombo em uma busca extremamente incerta cobrindo uma distância quase inimaginável. Contudo, a descoberta do Novo Mundo fez uma diferença profunda para o velho mundo.

Explorar o espaço terá um efeito ainda maior; mudará completamente o futuro da raça humana e talvez determine se temos de fato algum futuro. Isso não vai resolver muitos de nossos problemas imediatos na Terra, mas nos dará uma nova perspectiva sobre eles e nos levará a olhar tanto para fora como para dentro. Com sorte, explorar o espaço poderia nos unir para enfrentar um desafio comum.
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Essa seria uma estratégia de longo prazo - e por longo prazo entendo centenas ou mesmo milhares de anos. Poderíamos ter uma base na Lua dentro de trinta anos, alcançar Marte em cinquenta anos, e atingir as luas dos planetas mais externos em duzentos anos. Com "alcançar" quero dizer voos espaciais tripulados. Já mandamos um veículo não tripulado e pousamos uma sonda em Titã, uma das luas de Saturno, mas se considerarmos o futuro da raça humana, temos de ir até lá nós mesmos.

Ir para o espaço certamente não vai ser barato, mas exigirá só uma pequena proporção dos recursos mundiais. O orçamento da NASA permaneceu grosso modo constante em termos reais desde a época dos pousos da Apollo, mas decresceu de 0,3% do PIB dos Estados Unidos em 1970 para 0,12% hoje. Mesmo que aumentássemos vinte vezes o montante gasto em empreendimentos espaciais internacionalmente, isso seria apenas uma pequena fração do PIB mundial.

Haverá quem argumente que seria melhor gastarmos nosso dinheiro resolvendo os problemas deste planeta, como a mudança climática e a poluição, em vez de desperdiçá-lo em uma busca possivelmente infrutífera por um novo planeta. Não estou negando a importância de combater a mudança climática, mas podemos fazer isso e ainda poupar um quarto de 1% do PIB mundial para o espaço. Nosso futuro não vale um quarto de 1%?
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Na década de 1960 pensávamos que o espaço valia um grande esforço. Em 1962, o presidente Kennedy comprometeu os Estados Unidos com pousar um homem na Lua no fim da década. Isso foi alcançado bem a tempo pela missão Apollo 11, em 1969.

A corrida espacial ajudou a criar um fascínio pela ciência e levou a grandes avanços em tecnologia, entre eles os primeiros circuitos integrados em grande escala que são a base de todos os computadores modernos. Todavia, depois do último pouso na Lua, em 1972, não havendo nenhum plano futuro para outros vôos espaciais tripulados, o interesse público no espaço diminuiu. Isso ocorreu junto com uma queda no entusiasmo pela ciência no Ocidente porque, embora tivesse trazido grandes benefícios, ela não havia resolvido os problemas sociais que ocupavam crescentemente a atenção pública.

Um novo programa de vôos espaciais tripulados contribuiria muito para restaurar o entusiasmo público pelo espaço e pela ciência em geral. Missões robóticas são muito mais baratas e podem fornecer mais informação científica, mas não atraem a imaginação do público da mesma forma, e não disseminam a raça humana pelo espaço, o que, argumento, deveria ser nossa estratégia de longo prazo.
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Um novo interesse no espaço também aumentaria a reputação pública da ciência em geral. A baixa estima de que a ciência e os cientistas desfrutam está tendo sérias consequências. Vivemos em uma sociedade que é cada vez mais governada pela ciência e pela tecnologia, mas é cada vez menor o número de jovens que anseiam por fazer ciência.

A raça humana existe como espécie separada há cerca de 2 milhões de anos. A civilização teve seu início cerca de 10 mil anos atrás e a taxa de desenvolvimento tem aumentado regularmente.

Fonte:
Trecho de Palestra de Stephen Hawking.
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