O banho de floresta, ou shinrin-yoku, em japonês, é uma espécie de terapia florestal que consiste basicamente em ir para uma área de floresta ou mesmo um parque e passar algum tempo em contato com a natureza. A técnica foi desenvolvida no Japão, em 1982, por iniciativa da Agência Florestal do governo japonês, que buscava encorajar as pessoas a saírem de casa e passarem algum tempo imersas na natureza.
Inicialmente baseado no senso comum de que o ar fresco e a imensidão de uma floresta fazem bem ao corpo e à mente, o banho de floresta logo começou a ser estudado e seus benefícios não tardaram a se comprovar.
Praticar o banho de floresta japonês é muito simples, mas exige empenho do participante. A técnica propõe uma experiência meditativa, de silêncio, observação e trocas entre a pessoa e a natureza, sendo formada por exercícios muito semelhantes aos que mais tarde foram adotados pelas linhas de meditação mindfulness, como a observação detalhada de pequenos objetos, a caminhada lenta e com a atenção focada nos movimentos e a tentativa consciente de ampliar a percepção dos sentidos.
A sessão de shinrin-yoku começa com o deslocamento até uma floresta ou área verde, como um parque ou jardim botânico. O participante então deve se acalmar, observar o ambiente a sua volta e caminhar lentamente, prestando atenção ao movimento dos pés e deixando todos os sentidos atentos, permitindo uma imersão completa de sua consciência no ambiente da floresta. O silêncio e o contato com a natureza permitem serenar a mente e o corpo e ajudam a expandir o que é percebido pelos sentidos, sendo cientificamente aconselhado como método para reduzir o estresse.
O ideal é que a terapia florestal seja realizada de forma individual e sem interferências. Procure um ambiente natural tranquilo, vá sozinho e fique em silêncio ou, se for em grupo, combinem de só conversar ao final da experiência. Os estudos realizados comprovam que os benefícios podem ser sentidos com caminhadas a partir de 40 minutos, mesmo que sejam ocasionais - nesse caso, o ganho maior é emocional e de curto prazo. No método terapêutico, são propostas sete caminhadas de três horas cada, sendo uma por semana, para que o participante aos poucos vá treinando o corpo e a mente para aquietar-se e ampliar a percepção. O começo da prática pode ser feito com o aconselhamento de um guia, que o ajudará para que você possa prosseguir sozinho com as sessões de caminhada na natureza após as sete semanas iniciais.
Benefícios comprovados
O médico Yoshifumi Miyazaki, da Universidade de Chiba, no Japão, estuda o shinrin-yoku desde 1990 e, junto com outros pesquisadores, comprovou os benefícios da terapia florestal. Os resultados da pesquisa aprofundada, publicados em 2009, mostram que o contato com ambientes florestais reduziu em 13% a concentração de cortisol no sangue das pessoas analisadas, em 2% a pressão sanguínea e em 18% a atividade do sistema nervoso simpático, responsável pelas respostas involuntárias a situações de perigo e estresse, além de uma diminuição de 6% na frequência cardíaca. Os dados foram acompanhados por uma melhora de 56% na atividade do sistema nervoso parassimpático, que responde a situações de calma, indicando um relaxamento biológico.
Há ainda um estudo que mostra que os cheiros presentes em uma floresta agem de modo positivo no organismo humano, diminuindo o estresse e a irritação. Além disso, caminhar em uma área verde, como propõe o banho de floresta japonês, ajuda a estabilizar a pressão arterial e a fortalecer a imunidade das pessoas. A pesquisa analisou os efeitos dos óleos essenciais e dos odores emitidos pelas árvores e sustenta a hipótese de que os pinheiros estão entre os maiores potenciais terapêuticos de uma floresta.
Agora que você já conhece os benefícios do banho de floresta japonês, pode se programar para fazer uma caminhada na natureza na sua próxima folga. Aproveite o dia para estar em contato consigo mesmo, reservar algum tempo para ficar sozinho e meditar ouvindo o som dos pássaros, de um rio ou cachoeira ou mesmo dos galhos se mexendo com o vento. Você irá perceber que sons remotos começam a se tornar audíveis, cores brilham mais e, ao final, a sensação de calma deve durar vários dias - e vai ajudar a enfrentar a correria e a poluição sonora do dia a dia.
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Fonte: eCycle